Expomusic 2015

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A crise nitidamente chegou com força e fez um estrago considerável no mercado de instrumentos musicais e equipamentos de áudio e iluminação profissionais.

Dos três ou quatro costumeiros pavilhões do Expo Center Norte em São Paulo – SP, essa edição da Expomusic aconteceu em apenas um deles e as empresas que tiveram fôlego (e coragem) para marcar presença na feira, estavam expondo em instalações menores e mais modestas do que as habituais.

Durante a visita percebi que os executivos dos stands olhavam seus smartphones constantemente e me aproximando de alguns deles verifiquei que não se tratava de ações de marketing através das redes sociais da Internet, tampouco era o recebimento de e-mails com solicitações de orçamentos.

Eles estavam de olho na cotação do dólar, que vem tendo altas recordes e consecutivas, prejudicando demais o segmento da música, que é uma área onde a maior parte dos produtos tem origem externa (segundo a Abemúsica – Associação Brasileira de Música, cerca de 90% dos produtos expostos são importados). Ou seja: Além da população estar sem dinheiro, ainda tem o agravante dos equipamentos estarem mais caros devido ao câmbio.

Desta vez, marcas e empresas importantes e tradicionais (Izzo, Equipo, Kurzweil, Ciclotron entre outras) não estavam na feira, o que denotou a profundidade e a capilaridade da crise que o país atravessa. Ficou evidente que as dificuldades ultrapassaram o âmbito das empresas pequenas e atingiram as grandes também!

Fui percorrendo os stands e à medida que ia me deparando com as minhas marcas de amplificadores preferidas (VOX, Fender e Marshal), ia perguntando os preços e me assustando a cada resposta. Nunca imaginei que um equipamento de 40 watts de potência e com apenas um falante de 12 polegadas chegaria a custar 8, 10 ou 12 mil reais. Um absurdo vezes 4,24 conforme a ápice da cotação do dólar dessa 5ª feira!

Segundo o jornalista Flávio Bonanome, editor da revista Sound on Sound (veículo dedicado à produção musical), muitas empresas almejam minimizar os prejuízos deste ano através das vendas de Natal, cuja estratégia é a de comercializar um maior volume de produtos mais acessíveis e baratos. Espero profundamente que isso dê certo, para que não haja ainda mais mutilações no mercado musical. Ele também salientou as dificuldades que o mercado editorial vem enfrentando e informou que houve a saída de diversos anunciantes.

Para Manoel Rodrigues, diretor do Grupo Studio Brazil, as dificuldade realmente são enormes, mas ele aposta em novidades como nos equipamentos da Kemper Amps com tecnologia de ponta, ao mesmo tempo em que também traz produtos da Moog, que é referência e tradição na produção de efeitos analógicos.

Para Fábio Laguna, tecladista do Hangar, houve a falta de algumas marcas de peso e ele acredita que a coincidência das datas da feira e do Rock in Rio possa ter diminuído o número de visitantes. Para ele, uma das possibilidades para enfrentar a crise pode ser o “desengavetamento” de projetos parados.

Por outro lado, há algumas constatações positivas, como o fato do amor pela arte dos sons ainda habitar as pessoas e uma notícia animadora é que os roqueiros ainda mantêm a liderança absoluta no universo dos consumidores de instrumentos musicais e equipamentos de áudio, sendo responsáveis por 35% das compras no setor. Nem tudo está perdido, não é?! (risos)

E o que não muda são os milhares de visitantes que anualmente vão à Expomusic, assim como a grande quantidade de celebridades que também circulam pelos corredores do evento, os inúmeros shows e workshops que sempre são realizados, os diversos amigos que encontramos sempre e os milhares de produtos e novidades usualmente expostos durante as 32 edições que a feira acaba de completar. Sim, há uma crise muito agressiva, mas temos de sobreviver a ela tocando música!

Novamente me despeço desejando um ótimo, revigorante, divertido e muito musical final de semana a todos!

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1 comentário

    • Auzeneide Cândido em 25 de setembro de 2015 às 22:47
    • Responder

    Nando, parabéns por amar a Arte.
    Realmente, como todos os profissionais, de áreas diversas, enfrentam obstáculos e, gozam conquistas mas, francamente, a arte é só pra guerreiro mesmo!
    Porém, não entendo como alguém vive bem sem música ,sem poesia, sem o colorido de quadros e a paisagem da natureza!
    Gostei de ler sua matéria, é informativa,rica nas ilustrações, você diz muito em poucas páginas!
    Almejo, saúde física, mental e espiritual e o resto acontece; com esse tripé, é só acrescentar a coragem e partir para luta… Acreditar no que plantou!
    Continue regando seus sonhos, assim não envelhecerá, é inteligente, sabe a importância disso! Tenha uma noite cheia de harmonia.

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