Ingenuidade e política não combinam!

Até o momento, o ex-juiz Sérgio Moro e o atual presidente da república Jair Bolsonaro protagonizaram o erro mais crasso, grave e grotesco no tocante à estratégia e sobre as projeções de futuro, que já assisti em toda minha vida.

A que erro me refiro?!

À saída de Sérgio Moro da magistratura para adentrar aos quadros ministeriais do governo!

Mas porquê?! Vamos começar do início para verificar.

O primeiro ponto desse fatídico engodo diz respeito à estrutura de atuação dos dois atores. Sérgio Moro atuava como juiz, dentro de um poder pleno e independente, por onde podia mobilizar estruturas como a Polícia Federal, o Ministério Público, assim como o próprio judiciário, com bastante autonomia perante os poderes legislativo e executivo. E para deter as ações da Lava Jato, praticamente apenas o STF tinha condições.

Se Sérgio Moro ainda estivesse no poder judiciário, ele teria força e independência do poder executivo e estaria agindo de uma posição e cargo nos quais ele é especializado, a magistratura e, estaria blindado quanto aos escândalos e falta de êxito do governo atual porque não o estaria integrando.

Além do fato de não ter de pertencer a um grupo político e ter de carregar o ônus dos históricos de seus membros, tais como os escândalos de corrupção de Flávio Bolsonaro, por ter praticado “rachadinha”, a destemperança de Carlos Bolsonaro, a imensa ambição de Eduardo Bolsonaro,  o laranjas do PSL e a possibilidade de haver laços da cúpula do governo com milicianos.

Caso Sérgio Moro ainda exercesse a magistratura e a Lava Jato estivesse sob sua jurisdição, ele inclusive poderia aprofundar e acelerar as investigações sobre esses casos, o que seria útil para o Brasil, porque nenhum país deve ser comandado por corruptos de quaisquer filiações partidárias e tendências ideológicas.

Considero que a saída de Moro do judiciário tenha sido uma das atitudes mais ingênuas que já vi e, por conta disso ele imediatamente deixou todo o protagonismo que construiu no desenrolar da operação Lava Jato.

Apenas ao lembrarmos dos dizeres, bravatas, grafismos e emblemas que apareciam nas manifestações desde 2013, nos deparamos com o rosto de Sérgio Moro estampado em incontáveis camisetas, faixas e cartazes, assim como seu nome e o da operação ao lado de dizeres de apoio. Com sua saída, a Lava Jato ficou sem “cara” e sem “dono” e, portanto, perdeu muito de sua força!

Um magistrado fala nos autos, a discrição é uma virtude, ser técnico e preciso também. Já a maioria dos políticos costuma se assemelhar a animadores de festa, anfitriões bonachões, falastrões que costumam enrolar mais do que explicar e a precisão é incomum dentre os eleitos, de forma que basta esse curto parágrafo para nos depararmos com perfis profissionais muito distintos entre um agente do judiciário (juiz) e um do executivo (ministro).

Mas o que Bolsonaro queria ao convidar Sérgio Moro para o ministério da justiça?!

Tenho convicção de que ele desejava um avalista, uma pessoa de notória popularidade e com grande aceitação pública, o que de fato conseguiu, mas ao fazer isso e não observar as diferenças enormes dos perfis profissionais da atuação de um juiz e de um ministro, assim como avaliar os danos que a saída de Moro causaria à Lava Jato, o que o presidente fez foi convocar o Pelé para jogar tênis de mesa e, é claro que nunca daria certo.

A maior prova disso é a maior derrota da direita em favor da esquerda, com a suspenção das prisões em segunda instância pelo STF, assim como o congresso ter deixado para 2020 a votação da PEC da Segunda Instância, que retroagiria o momento de efetuar as prisões. Isso culminou na soltura do presidiário Lula e pasmem; significa que a justiça do Brasil retrocedeu mais nesse governo de direita do que em todos os de esquerda. Particularmente tenho o receio de que essa PEC vai ser adiada eternamente…

Dessa forma, o superministério culminou na super gafe, que por sua vez desembocou na super derrota!

Também é possível fazer uma leitura maquiavélica dos fatos e pensar que Jair Bolsonaro tinha intensão de enfraquecer a Lava Jato por conta de conhecer passados comprometedores seu e de seus filhos e que por isso prometeu mundos e fundos para Sérgio Moro, o tirando da magistratura e o recolhendo sob suas asas, como um simples funcionário no executivo (apesar ser um ministro), mas sinceramente não penso que o presidente ostente um xadrez tão perspicaz.

Sinceramente acredito na ingenuidade de ambos… Uma ingenuidade que está custando muito caro para o povo brasileiro!

Tenho a convicção de que os votos que elegeram Jair Bolsonaro já foram da esquerda, seja de alas mais estremadas como o próprio PT, PCdoB ou Psol, ou mais moderadas como o PSDB e o PMDB, então vejo que o maior cabo eleitoral que a direita teve foi a própria esquerda!

Mas como assim, Nando?!

Se não fossem os infames legados da Copa e das Olimpíadas, o Mensalão, o Petrolão, a Caixa Preta do BNDS, os financiamentos para outros países, somado à eleição de disléxica Dilmanta, as agressivas pautas de costumes e o fato de deixarem o Brasil em migalhas, a direita simplesmente não teria ganho essa última eleição.

Foi o descaso, o desmazelo, a prepotência e a toxidade da esquerda que elegeu o primeiro presidente de direita depois da redemocratização, ou seja, depois de décadas e décadas de hegemonia da esquerda.

Saliento que a Lava Jato foi um dos principais fatores que demonstraram a quantidade e a profundidade dos erros dessa esquerda nociva que se metastizou Brasil adentro e por isso receio tanto que o legado dessa operação se perca em meio às panfletárias “narrativas” políticas, porque elas falam de tudo, dão nó em pingo d’água, mas nunca se prendem aos fatos e o que eles realmente representam.

Que todos tenham um ótimo e revigorante final de semana!

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