Por mais xadrez e menos axé!

Recentemente entrei em contato com um novo enfoque sobre uma velha questão.

A do “talento” versus o “trabalho”…

Mas ninguém menos do que “Garry Kasparov”, o soviético,  ex-campeão mundial de xadrez e detentor de quase todos os recordes em todos os quesitos do tabuleiro; acabou por me trazer uma visão bastante diferente sobre esse dilema.

Em um de seus livros ele diz que não entende o motivo de não ser considerado um talento nato, a aptidão que certas pessoas têm em se debruçar arduamente, por muito tempo e com muito afinco sobre os mais diversos assuntos até digeri-los, absorvê-los, incorporá-los e se tornarem excelentes ao custo de muito trabalho duro.

É claro que ele estava falando mais especificamente do xadrez, mas o que entendi é que a persistência, o foco e a concentração, assim como a pesquisa e o acúmulo de informações e experiências em quaisquer áreas, feitos com muito treino prático e estudo teórico é sim, um talento nativo e deve ser visto como tal!

Parece óbvio agora, não é?!

Depois que li isso, me lembrei das décadas a fio onde fiquei debruçado sobre o violão e a guitarra, até calejarem os meus dedos, doerem meus tendões, as unhas endurecerem ou quebrarem, cair pó de palheta no chão e minha coluna desviar para a esquerda, me causando uma leve escoliose e torcicolos frequentes… Tudo muito típico da postura de guitarristas e violonistas.

Dessa forma, a conquista de um nível avançado em alguma área profissional pode ser fruto do talento que a pessoa tem para simplesmente trabalhar duro!

Bonito, isso não?!

Então quando pensamos nos tais “talentos naturais” e lembramos daquele jogador de futebol que não treinava, mas que mesmo assim era ou é bom à Bessa, podemos supor que se esse atleta trabalhasse com mais firmeza e dedicação em seu esporte, talvez ele iria ainda além em suas qualidades.

Creio que nos esportes que contém necessárias aptidões físicas, essa fisiologia torne o organismo das pessoas mais adequados para que elas exerçam seus talentos e isso ocorre nas artes também. Eu, com minha coluninha torta jamais seria um bom bailarino, porque mal alcanço meus pés! (risos) Enquanto um dançarino precisa de muita elasticidade, mas em áreas intelectuais como o xadrez, os efeitos do trabalho duro são muito respeitados e admirados.

Pena que no Brasil o vigor físico é o que mais chama a atenção. Ninguém aqui liga para os campeonatos de matemática, física (não de educação física) e para as feiras de ciências ou quaisquer coisas congêneres.

Na terra do pagode, axé e da fartura das bundas, anda faltando inteligência e não é de hoje!

Essa tão magnífica terra onde cantam os sabiás não conseguiu gerar sequer um prêmio Nobel, em qualquer categoria que seja, em toda a sua história. Assim como também nunca tivemos um campeão mundial de qualquer classe intelectual, incluindo o xadrez.

Corpos sarados, bronzeados, músculos hipertrofiados e cabecinhas atrofiadas… Parece que é isso, não é?!

Enquanto a galera vai sacudindo a poeira e tirando o pé do chão, tem muita gente por aí vivendo com a imaginação e a inteligência lá nas alturas. Sonhando alto! Na estratosfera! Um exemplo disso é o computador que usei para escrever esse artigo, a Internet e o e-mail por onde posteriormente o envie, o que fez um fluxo de informações sair de um bairro de Araras, passar por cabeamentos, satélites e chegarem à sede do Opinião Jornal que publicou esse texto.

Caso você esteja lendo pelo blog, o raciocínio é o mesmo e talvez vá além, porque pode estar acessando através de um smartphone, tablet ou computador, muito longe do local de onde esse texto saiu!

Essa é a diferença entre a cabeça e os pés! A primeira vai muito além dos simples próximos passos!

Por mais inteligência nessa terra! Por menos novelas e mais livros! Por mais xadrez e menos axé!

Que todos tenham um ótimo, revigorante, divertido e muito musical final de semana!

 

 

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