Como foi descoberto o Brasil

Pronta, a nau zarpou de um distante porto do norte, foi se distanciando cada vez mais das paisagens conhecidas e adentrando nos gélidos e bravios mares boreais para atingir os profundos oceanos em busca de tesouros inimagináveis.

No início os ventos sopravam fortes inflando as impulsoras velas da embarcação e milhas e milhas mar adentro ela rompia as ondas destemidamente buscando o longe. Cada vez mais longe…

A tripulação, toda composta por suecos, eufórica com a adrenalina daquela viagem tão vibrante comemorava as grandes distâncias percorridas e já podia sentir o ”cheiro” da fortuna que os aguardava.

Mas tudo passa, seja o que é bom ou que for ruim, e em conformidade com a lei natural dos encontros, os ventos encontraram outra direção, as velas desinflaram e seus panos caídos era uma ótima analogia aos ânimos abatidos da tripulação, diante do seguir de vários dias da calmaria que se instalara e persistia em não partir.

Somente a luz das estrelas num céu noturno profundamente límpido e um sol escaldante durante o dia eram as paisagens companheiras dos marinheiros, num horizonte vazio que se perdia de vista, mas…

Como tudo passa… Sem qualquer aviso, no início de mais uma das várias noites de marasmo, as preces da tripulação foram atendidas em exagero, as coisas começaram a mudar e uma bruma densa veio subindo rapidamente do oceano. Logo ela ganhou a altura do navio, mal podiam ver uns aos outros, e num piscar de olhos essa parede de névoa subiu tão alto que também cegou a luz da lua cheia e das estrelas!

Junto com ela veio um frio e um vento que fizeram o ranger dos dentes dos marinheiros, acostumados à baixas temperaturas suecas, se tornar um barulho quase tão forte quanto o estalar do mastro principal que arqueava, mas resistia heroicamente à força da ventania que distendia as tramas dos tecidos da velas e com força desmedida arrastava a nau com a maior velocidade jamais vista.

A primeira instrução do capitão foi a de recolher as velas, mas como mal podiam se ver, nada puderam fazer, a não ser se refugiar nos porões do navio e juntos rezar para que a sorte que os conduzia não lhes reservasse um destino nefasto.

Mas como meu avô Antonio já dizia: Apenas pode-se entrar numa floresta até a metade, porque deste ponto em diante estará saindo dela! O que também se aplica a mares e oceanos e desta mesma forma, depois de todas àquelas horas da alucinante e tensa noite escura houve o que nenhum homem jamais conseguiu deter: O raiar de um novo dia!

Diante das luzes e do ensurdecedor barulho de uma multidão os suecos, temerosos, mas curiosos começaram a sair de seu abrigo e a visão que lhes arrebatou foi a de um largo gramado verdejante com um grupo de guerreiros sedentos por batalha que os aguardava. Na tão esperada “terra nova” realmente havia muito ouro, mas também havia um rei opulente que era seu dono, contra o qual pouco ou quase nada podiam fazer.

Mesmo assim ouve o confronto! Afinal, não tinham ido tão longe e desistiriam simplesmente… Mas após o embate e com o destino certo confirmado, o sonho da glória acabou para os navegantes, soou o tão temido tilintar e pondo fim aos ânimos e às esperanças… Apito final! Cinco a dois para os canarinhos na copa da Suécia contra os donos da casa!

Assim foi redescoberto o Brasil! Num distante país europeu, através das telas das televisões transmitindo o rei Pelé a ostentar o ouro amarelo da taça do mundo dentro do verde gramado, exatamente como a nossa bandeira!

Dedico esse artigo ao meu pai que há pouco tempo sugeriu essa estória enquanto assistia futebol pela televisão.

Que todos tenhamos um ótimo final de semana, revitalizante e bem animado!

Veja a imagem da página publicada – JPG:

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2 comentários

    • Kelly Monteiro em 29 de outubro de 2011 às 10:35
    • Responder

    Parabéns!!!!

    Ficou ótima a estória e melhor ainda… foi vc ter atendido ao pedido do seu pai… um pedido super especial e muito criativo.

    Concordo com ele! Aí sim… foi descoberto o Brasil!

    Beijinhos TRIcolores!

  1. Afinal, venceu o amor e assim, seu querido pai (ame-o, cada dia mais) foi atendido e deve estar feliz da vida, por ter seu pedido atendido e por ter um filho, que sabe muito da arte de encantar, com seus – sempre – textos corretos e apaixonantes.

    Agora, chega de confete porque tenho mais o que fazer….tenho que reler mais algumas vezes.

    abrax brow. Parabéns.

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