Toca Raul !!!

Um relógio que já batia há 10 mil anos atrás...

Só quem nunca saiu de casa que não conhece a famigerada frase berrada em praticamente todos os shows musicais: “Toca Raul!!!”

Contudo, essa já “expressão idiomática” veio se transformando ao longo das décadas e passou a deixar de ser um pedido ou uma sugestão para ganhar um tom pejorativo que nada faz jus à obra e ao artista que foi Raul Seixas.

Parece brincadeira que uma “brincadeira” possa vir afastando ouvintes da música de Raulzito e pior que isso, dado à conotação ruim da zombaria, há quem jamais tenha ouvido sequer uma música de Raul Seixas, mas já ostente um “pré-conceito” sobre ele e suas canções.

Nascido aos 28 dias do mês de junho do ano de 1945 na Bahia, foi Salvador que deu ao Brasil um dos artistas mais irreverentes de toda nossa história. Certamente um homem que queria viver da sua obra e morreu por ela! Cujo início, o fim e o meio se confundiam e ainda não se distinguem facilmente, visto que tudo sempre se metamorfoseava ambulantemente.

Eis Raul Seixas, àquele que importunava como uma mosca que cai na sopa. Que contestava a ditadura militar e sua censura debochando como se estivesse em uma inatingível e distante sociedade alternativa.

Ele que também perambulou pelo espaço sideral em lisérgicas viagens que só um maluco beleza poderia fazer a bordo de um Plunct Plact Zum. Ou talvez, ele tenha sido somente um cara que sonhava com a tranquilidade bucólica de um sítio no sertão de Piritiba... Mas o que podemos afirmar com toda a certeza, é que ele realmente não queria ser prefeito! E isso, nem a pau! (risos)

Em seus 26 anos de carreira, Raul Seixas lançou 21 discos, emplacou incontáveis sucessos dentre os mais tocados pelas emissoras de rádio e de TV, também esteve sempre dentre os álbuns mais vendidos em todo o Brasil e, saibam que isso definitivamente não é pra qualquer um.

Contudo, seus últimos passos aqui na Terra não foram dos mais bonitos de se presenciar. Um artista com toda essa envergadura, andava então “envergado” pela bebida que o consumira e o definhara. Lembro-me perfeitamente de ver Raul Seixas, que morreu aos 44 anos de idade, aparentar um senil senhor enfermo com mais de 100 anos. Triste…

Mas mesmo assim Raul nos deixou uma vasta obra e um legado tão amplo que ultrapassa a música e se estende até a lista dos livros mais vendidos do mundo, porque o escritor Paulo Coelho (seu pupilo e parceiro de composição) saiu praticamente debaixo de suas asas poéticas.

Para àqueles que são fãs de Raul Seixas, este artigo fica como uma singela homenagem e para os que ainda não experimentaram sua música e as fantásticas “sacadas” de suas letras, fica o convite para o que façam!

Por último, deixo também a dica do recente filme de Walter Carvalho, “Raul Seixas – O Início, o Fim e o Meio”, que reúne diversas entrevistas com artistas e familiares, bem como um amplo material inédito de arquivos sobre Raulzito. Uma verdadeira “aula” sobre esse ícone do rock e da música brasileira!

E lembrem-se:  Se não der certo, “Tente outra Vez”! (risos)

Novamente findo por desejar um ótimo, revigorante e alegre final de semana para todos nós!

Assista agora o trailler do filme “Raul Seixas – O início, o Fim e o Meio!”

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2 comentários

    • Alessandra em 29 de maio de 2012 às 11:06
    • Responder

    Lembrei-me do artigo na Virada Cultural Paulista, em Santa Bárbara d’Oeste. Levei minha filha a uma intervenção circense. O casal de palhaços, muito bom por sinal, tinha instrumentos musicais portáteis e tocava músicas circenses entre uma piada e outra. Em certa ocasião, o palhaço deu sua percussão a um menino da plateia, para que ele tocasse algo. O palhaço então soltou a piada: “Toca Raul!”. Eu ri!

    • Alessandra em 25 de maio de 2012 às 00:48
    • Responder

    Terminar o artigo com Tente Outra Vez me fez lembrar de um caso:

    Uma amiga muito religiosa não gosta de Raul porque os religiosos acham que ele tem algo com espíritos malignos ou algo assim.

    Certa vez, quando passava aquele comercial “sou brasileiro e não desisto nunca”, ao som de Tente Outra Vez, ela comentou como era linda a música. “Tenha fé em Deus, tenha fé na vida”.

    Ela ficou com a cara no chão quando eu disse – com um certo prazer sarcástico – que era do Raul. Irritante isso: Criticar sem conhecer a obra.

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