Feliz Dia Mundial do Rock!

Hoje se comemora o dia mundial do rock e justamente eu (roqueiro de carteirinha), acabo por me complicar para escrever um artigo sobre o assunto, dado a amplitude do tema…

Por que toda essa dimensão? Trata-se de uma música surgida no início da década de 1950, já se somam 62 anos de história e foi sem dúvida o gênero mais participativo nas transformações comportamentais da sociedade depois de seu surgimento.

Uma característica fundamental do rock são as suas letras, que além de transitar pelos temas recorrentes e usuais (amor, diversão e sexo) passaram a abordar circunstâncias sociais e políticas à partir de meados de 1960 e acabaram por praticamente deixar esses assuntos de lado nessa última década, o que ferrou de vez! Desculpem-me a forma, mas é isso o que aconteceu.

Nascido como uma forma acelerada do blues (o rhythm and blues) e com letras festivas do tipo “Shake, Baby Shake” (algo assemelhado com “Requebra, Garota Requebra”) esse primeiro momento teve a característica de ser um grito de liberdade de uma juventude filha de pais e de um país reacionário, que buscava diversão, muita diversão! (risos)

Hoje, a maior parte das letras voltaram a abordar esses temas umbilicais, meramente voltados à auto satisfação e sem o propósito e justificativa da década de 1950, que era conquistar uma liberdade que não existia.

Atualmente temos basicamente isso: Quero “me” divertir, quero saciar “minhas” carências e todo o resto não “me” importa, se não “me” afetar… Ai que saudade do Cazuza berrando aos 4 ventos: “Brasil! Mostra tua cara. Quero ver quem paga. Pra gente ficar assim. Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim…”

Bom, obviamente isso parece representar um grande retrocesso, que apesar de poder ser visto como parte de um movimento histórico cíclico, onde os altos e baixos se intercalam, o fato é que não há mais o posicionamento sócio-político dos artistas irradiando suas ideias pelas emissoras de rádio e de TV e particularmente acho isso muito, mas muito perigoso…

Outro ponto interessante é que as datas comemorativas, em geral são dias especiais para legitimar e contribuir com minorias oprimidas, seja quanto à raça, credo, gênero e outros grupos e circunstâncias, o que nos leva inexoravelmente à seguinte pergunta: Hoje o rock faz parte dos grupos minoritários? É um gênero sujeito à segregação?

O fato é que todos os grandes compositores sempre falaram de amor, mas também tangiam diversos outros assuntos e o contexto atual do rock parece jogar fora o legado de grandes gênios como Bob Dylan, Cazuza, John Lennon, Lobão, Jim Morrison, Renato Russo, Roger Waters, Rita Lee, Raul Seixas… E uma ampla safra de ilustres cantores, compositores e “pensadores” que além de embalar os momentos das pessoas com suas melodias, também deram seu quinhão de contribuição para a humanidade!

Que essa sexta-feira 13, que esse dia mundial do rock de 2012 sirva para fazer “cair a ficha” de que o rock é mais do que um som pesado, roupas pretas e/ou “tocar o foda-se”, é também a “atitude rock” (do it yourself! – faça você mesmo) que serve como norte para ver as coisas dentro de parâmetros socioculturais e políticos, não aceitando tudo e qualquer coisa goela abaixo como hoje acontece.

Deus salve a boa música, o bom rock e que tenhamos todos, um ótimo final de semana!

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