Quando a Cicarelli Entubou o YouTube…

Daniela Cicarelli

Um instrumento com grande abrangência, ou um amplo espaço para se publicar besteiras? Pois é, a nossa amiga Daniela Cicarelli está nos levando a repensar o que é liberdade de expressão e até aonde ela pode ir.

Após sua fatídica transa numa praia pública, com a presença de diversos banhistas e filmada por um paparazzi europeu, Daniela viu-se tangida pela publicação desse seu vídeo, num papel onde ela certamente jamais teria se prontificado a protagonizar.

Tendo assistido a esse filme, eu realmente o acho ofensivo e creio que qualquer pessoa que se visse na situação dela pensaria o mesmo, contudo eu pergunto o seguinte: Quem se sujeita a transar numa praia pública, em plena luz do dia, com diversos banhistas presentes e com o agravante de ser uma pessoa famosa, não está procurando sarna para se coçar?

Se ela tivesse sido vitimada por uma filmagem feita num lugar privativo, onde tivessem sido instalados equipamentos de filmagem ocultos, com a ardilosa intenção prévia de gravá-la fazendo sexo, ainda vá lá, mas o que aconteceu foi que ela mesma deu um furo de reportagem de bandeja para toda a mídia.

A questão da privacidade na atualidade também nos remete a pensar quanto a enorme evolução tecnológica que estamos vivenciando, na qual talvez o grande vilão venha a ser os nossos próprios celulares, que extrapolaram em muito sua original função de telefonar.

Eles estão acumulando cada vez mais funções, como as de máquina fotográfica, filmadoras, calculadoras, despertadores, rádios, mp3 players, gravadores de voz, agendas telefônicas e pessoais entre diversas outras.

Isso é ótimo e veio para facilitar nossa vida, mas esses aparelhinhos são praticamente um kit 007 em miniatura e podem transformar qualquer pessoa comum num potencial assassino de reputações, ou apenas dar a um pai e a uma mãe a oportunidade de registrarem onde estiverem a primeira palavra, ou os primeiros passos de um filho.

O enforcamento de Saddam Hussein nos mostra que nem os governos dos EUA, nem o do Iraque conseguiram evitar a filmagem clandestina e posterior publicação do vídeo da execução, gravado num ambiente que deveria ser totalmente controlado.

Bom, o que acontece é que essa tecnologia toda que aí está à nossa disposição está submetida à mesma regrinha que sempre submeteu a humanidade toda. O uso que daremos à ela é que vai definir seu papel, se bem ou se ruim.

Assim sendo, ao ter o vídeo de sua transa publicado, Daniela realmente teve sua privacidade invadida, mas ao nos cercear o acesso ao YouTube, ela também invadiu a privacidade de todos os milhares de usuários que utilizavam esse poderoso instrumento de aprendizado, de divulgação de seus trabalhos, de expressão, enfim, que também é positivo.

Espero que as próximas decisões judiciais envolvendo a Internet tenham maior amplitude em ponderar os diversos fatores que elas envolverão e que avaliem também como e qual será o montante de pessoas e atividades que elas atingirão.

Creio que a liberdade de expressão não deva ser superior à liberdade do indivíduo, ou mesmo que não deva ferir o moral de qualquer um, mas nesse anárquico espaço cibernético onde cada um é seu sensor, sempre estaremos sujeitos aos desmazelos de alguns se quisermos desfrutar desses recursos.

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