Folclore e Identidade Cultural em Araras.

Folclore não é coisa de pobre, nem só pra turista ver! (Diz Rose Conte)

Com este início um tanto abrupto, pretendo chamar a atenção dos leitores e trazer à tona dois pontos, os trabalhos de resgate e preservação culturais do Grupo de Folia de Reis Bandeira Nova e ressaltar algumas características, a importância e o quanto nosso folclore anda e andou jogado à traças em nosso país.

Segundo Rose Conte, a revolução de 64 teve um papel preponderante na importação de culturas que não são originariamente brasileiras, sendo que a maior penetração delas veio dos EUA e cá entre nós. Nessa remessa não veio nenhum Ernest Hemingway (importante escritor norte americano).

O que importamos foi sua cultura puramente enlatada, filmes repletos de finais felizes, músicas cujo conteúdo das letras é desconhecido por quase todos, mas que são ouvidas repetidamente por aí e tradições como o Halloween que nas suas versões mais atuais já descartaram e suplantaram todos os monstros puramente brasileiros, como o boitatá, a mula sem cabeça, bicho papão e o saci-pererê entre outros.

O que aliás abre um precedente interessante para este artigo. Nem nossos monstros são páreo para os monstros deles, hehehe…

Mas voltando aos monstros imaginários, aqueles culturais que assustam, mas não matam e partindo deles para o folclore, quero dizer que essa abdicação de nossa identidade cultural nem sempre é voluntária por parte de nosso povo e sua perda se dá numa enorme maior parte pela falta de espaço e incentivo que a mídia e o governo lhes dão.

Contudo, não é o que acontece aqui em Araras, onde o Grupo Bandeira Nova (formado em meados de 1992), vem crescendo a cada ano, apesar das dificuldades.

Sua existência e representatividade popular, mostram a identificação que o povo tem com o grupo e com a Folia de Reis, uma festa tradicionalmente brasileira, que abrange aspectos artísticos (a música e as vestimentas), fatores culturais (como os diversos elementos musicais advindos das contribuição das etnias portuguesa, africana e indígena) e elementos sociais, representando sobre tudo a independência cultural de nosso povo, através da sobrevivência dessa tradição cuja origem remonta ao primeiro centenário de nossa colonização.

Isso mesmo, a Folia de Reis, assim como nossos monstrinhos, nossas lendas indígenas, tradições, ritmos, danças e todos os demais elementos de nosso folclore são antigos e demoraram 400, 500 anos para se comporem na forma em que os conhecemos hoje (isso é, para aqueles que os conhecem), sendo que de 1964 para 2007, mal se passaram 43 anos e já fomos quase completamente destituídos do que era nosso e de mais ninguém.

Acho que assim como nosso folclore foi composto por uma miscigenação cultural, não devemos nos expurgar das diversas influências externas tão facilmente acessíveis do mundo globalizado. Mas também acho que não devemos jogar nossa cultura e com ela a identidade de nosso povo no lixo. Principalmente quando vemos que essa nossa cultura “exótica” anda sendo mais valorizada em outros países, do que por nós mesmos.

Devemos voltar ao passado? Não! Mas devemos esquecer de onde viemos? Também não! E olha que isso tudo foi escrito por um cara que tem uma banda de rock e toca guitarra.

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