Jazz Tupiniquim

Estava perambulando por Araras na tentativa de quebrar a tradicional monotonia noturna das segundas-feiras, quando após ter rodado pela cidade inteira acho um som familiar e diria eu, estranho e peculiar à cidade.

À medida em que me aproximava pude ir ouvindo a pulsação daquele ritmo e percebendo o groove do contrabaixo, aí então o tilintar soou, a ficha caiu e percebi que estava ouvindo The Chicken, um famoso standart do jazz, do renomado compositor e contrabaixista Jaco Pastorius.

O que pude pensar, a não ser… Meu, o que está acontecendo aqui?! Desci do carro, dei uma boa olhada e vi uma banda de jazz, composta pelos amigos músicos: Marcos Lima à bateria, Tiago Celtron à guitarra, Valtencir ao contrabaixo, Valmir ao saxofone e Nilsinho à percussão.

Sentei, pedi uma cerveja e pude então desfrutar de um repertório de músicas instrumentais que abrangiam outros standarts de jazz, clássicos da MPB e músicas funk, nas não os da “Eguinha Pocotó”.

Após o show, dirigi-me ao Marcos Lima e perguntei de que se tratava aquele evento que eu acabara de presenciar. Ele me disse que suas apresentações no Stick Beer já aconteciam há cerca de seis meses e que o projeto foi tomando corpo, mesmo sem ter nascido como tal.

Na verdade, segundo Marcos, eles simplesmente se juntavam para “fazer um som” e depois transportaram para referido o bar esses encontros que aconteciam sem pretensões, em algumas noites da semana e às portas fechadas em sua loja, Musical Brasil.

Um fato interessante que esse projeto inicialmente despretensioso acabou evidenciando, é que há um público para a música instrumental em Araras, que ele é diversificado, se compõe de músicos, empresários e admiradores da boa música e que está ávido a prestigiar eventos dessa natureza.

Portanto, gestores de casas de espetáculo, de clubes, promoters e donos de bares, atentem-se para esse exemplo que veio dar a graça do jazz à Araras e percebam que outros estilos tradicionais e de bom gosto, como: o chorinho, blues, black music, seresta, clássico entre diversos outros, poderiam dar resultados positivos para a nossa cultura, entretenimento e para os seus bolsos também.

Jazz Tupiniquim é o nome da banda de Marcos e de seus colegas, nome de uma tradicional etnia indígena brasileira e que muitas vezes foi usado como adjetivo pejorativo, mas só porque deixamo-nos desvalorizar nossas origens e essa iniciativa puramente tupiniquim, criativa e com toda essa miscigenação cultural que só nós brasileiros podemos ter, nos mostra as saídas inusitadas e positivas que arrumamos para dar vazão às nossas manifestações culturas.

Um parabéns tupiniquim à vocês.

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