Je Suis Charlie

Je Suis Charlie

Nessa última quarta-feira assistimos à barbárie realizada sob a forma do fuzilamento de 12 pessoas (2 policiais e 10 jornalistas) no atentado terrorista contra a sede da revista “Charlie Hebdo”, em Paris na França.

Imediatamente ocorreram manifestações do povo francês que tomou as praças e ruas de diversas cidades do país com milhares de pessoas, o que repercutiu amplamente pela Internet com a frase “Je Suis Charlie” (eu sou Charlie), em alusão ao nome do periódico.

Países aliados da França (dentre os principais estão os USA, a Inglaterra e a Alemanha), além do Vaticano, da ONU e praticamente todas as demais nações do mundo também manifestaram seu repúdio à agressão e se colocaram à disposição para auxiliarem na caçada aos terroristas, bem como para contribuir em ações contra o terrorismo.

A tônica da maior parte dos discursos presidenciais e dos lideres mundiais sobre o ocorrido, foi a de se tratar de um atentado à “liberdade de expressão”, o que não deve ser tolerado ou permitir que se faça pairar a intimidação sobre as redações dos jornais.

A presidente Dilma Rousseff também fez um breve pronunciamento no qual salientou a importância da “imprensa livre” para as democracias, o que pode causar certa estranheza se lembrarmos dos esforços (seu e de seu partido) para criar mecanismos controladores dos veículos de comunicação brasileiros (sobretudo para a Internet).

Atento ao incidente, verifiquei diversas charges publicadas pela “Charlie Hebdo” e é evidente o tom ofensivo aos dogmas religiosos (islâmicos e de outras religiões), assim como à diversas ideologias, segmentos políticos, econômicos e até pessoais. O que jamais justificaria quaisquer atentados, mas os explica sob a ótica do fundamentalismo radical.

Em 2011 a revista foi alvejada por coquetéis molotov e desde então seu editor, “Stephane Charbonnier”, vinha vivendo sob proteção policial, mas como fazia tempo do primeiro ataque, as ameaças eram tão constantes e nada vinha acontecendo, houve um relaxamento da presença da polícia e foi justo no dia da reunião de pauta (às quartas-feiras) que os terroristas agiram pegando praticamente toda a equipe presente, vitimando inclusive dois policiais que vigiavam o local.

Para o historiador israelense, Efraim Karsh, o islã tem fortes bases expansionistas e cerca de 50 mil franceses já foram convertidos ao islamismo, o que criaria problemas, cedo ou tarde. Previsão que acaba de se concretizar.

Vale lembrar que há segmentos do cristianismo que também são fincados no expansionismo. Um exemplo (obviamente pacífico e inofensivo) é o das testemunhas de Jeová que seguem batendo de porta em porta para levar a palavra de Deus e arrebanhar mais fiéis. Contudo, há aproximadamente dois séculos o cristianismo conseguiu separar a religião do estado, criando o estado laico de direito, o que promoveu avanços científicos, tecnológicos, sociais e culturais imensos para toda a humanidade.

Tal dissociação não ocorreu nos estados islâmicos e é recorrente encontrar teocracias, onde as lideranças política e religiosa recaem sobre a mesma pessoa. O Fundamentalismo, o radicalismo e o combate aos processos de integração cultural são características comuns a essas nações.

Uma diferenciação importante que o professor Karsh evidencia, é que nos estados laicos, o sentimento religioso ocorre na esfera pessoal e nos estados teocráticos a religião se desenvolve na esfera pública incorrendo na vontade coletiva de dominação política sobre os não convertidos.

Dois exemplos citados por Karsh são:

O Hizbollah, grupo xiita que é uma extensão política do Irã e tomou força na revolução islâmica de 1979 quando seu dirigente espiritual, o aiatolá Ruhollah Khomeini reiterou seu propósito de espalhar o islamismo.

O Hamas, grupo sunita, que é uma extensão da Irmandade Islâmica (atuante no Egito) qualifica Israel como território islâmico e não palestino, referindo-se a uma espécie de república islâmica planetária.

Para Clóvis Rossi, repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, há certo tempo o terrorismo é “home grown” (feito em casa – numa tradução livre). Ele cita os atentados de 11 de setembro nos USA, aos trens de Madri, ao metrô e ao ônibus de Londres, todos de grande repercussão e realizados por (ou com a colaboração de) cidadãos ocidentais convertidos.

Outros fatores importantes nessa equação humana inexata são os crescimentos de movimentos islamofóbicos que estão surgindo por toda a Europa e América do Norte, ao mesmo tempo em que acontece o expansionismo islâmico com a conversão de inúmeras pessoas nessas mesmas regiões, o que culmina no desenvolvimento de um ciclo vicioso alimentado pelos radicais religiosos e seus opositores.

O certo é que num mundo moderno e científico em que se sonha com conquistas médicas, culturais, ecológicas, tecnológicos, artísticas e cosmológicas, não há espaço para fundamentalismos ortodoxos e radicais que visam privar a mente humana. Mas como não vivemos num universo ideal imaginário e sim num espaço social compartilhado, onde as paixões humanas são manifestadas das formas mais vorazes, faz-se necessário (mais do que nunca) adotar ações sábias e eficazes para não permitir o retrocesso da humanidade às épocas de barbárie e ignorância.

Desejo paz e esclarecimento a todos e também um final de semana divertido, musical e revigorante!

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