A nova invenção do Brasil: “Analfabetismo Escolar”

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Enquanto a França luta pela liberdade da abstração expressa (ainda que de mau gosto) nas páginas de seus veículos de imprensa e mobiliza até porta-aviões para garanti-la, o Brasil segue sem leitores e escritores, como podemos constatar nas notas do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio – divulgadas pelo Ministério da Educação nesta última terça-feira (13/01).

Ao todo, 529.374 alunos tiraram zero na prova de redação de 2014, volume que já era expressivo em 2013 com 106.742 estudantes e que agora sofre um aumento de 500%, quintuplicando a mediocridade da façanha em apenas um único ano!

O tema para as redações foi “Publicidade infantil em questão no Brasil” e para 2013 foi “Os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil” e se vê que os alunos não entendem nada de publicidade e nem de legislação…

A correção da prova de redação avalia 5 competências: 1º) domínio da norma padrão da língua escrita; 2º) compreensão da proposta de redação; 3º) capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; 4º) conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação; 5º) elaboração de proposta de intervenção para o problema abordado, respeitados os direitos humanos.

Apenas 250 candidatos obtiveram a nota máxima no concurso, o que confere 100% de aproveitamento para apenas 0,004% do total de pessoas que fizeram a prova, ou seja: De um universo de 6.193.565 que prestaram o Enem nos dias 8 e 9 de novembro de 2014 (em mais de 1.700 cidades), apenas 250 acertaram tudo. Talvez seja estatisticamente mais fácil ganhar na loteria…

Segundo o Ministro da Educação, Cid Gomes, o diagnóstico frio que se faz do ensino público brasileiro é que “deixa muito a desejar” (em suas próprias palavras). Ele também salientou que é no ensino médio que os problemas são mais profundos e onde os desafios são maiores.

Obviamente que os fatores geradores desse despropósito são diversos, mas prefiro creditar a culpa na incompetência e no desinteresse de nossos governantes com as políticas públicas de educação, que somam suas ineficiências por décadas de descaso e culminaram na produção de uma geração inteira de analfabetos escolarizados, criando esse paradoxo, antagonismo e contraditório teratológicos (desculpem os pleonasmos), onde agora o analfabetismo se dá dentro das próprias salas de aula… “Felomenau”!!! (risos)

O certo é que já vivemos os reflexos da dificuldade de coexistir em uma sociedade onde a tônica é o desaparelhamento cultural, de informações e dos conhecimentos formais! Basta observar a produção artística brasileira para facilmente detectar o despreparo, o simplismo e a infantilidade (apesar da espontaneidade), tanto por parte de seus realizadores (produtores e artistas) como por parte de seus consumidores (o grande público).

Na imprensa vê-se a constrição exacerbada na elaboração dos textos e a supressão de quaisquer lampejos poéticos ou literários, enquanto que na mídia (aquela do mero entretenimento que objetiva o máximo da geração de receita) se enaltece a imbecilidade e o primitivismo, mas não àquele dos pintores holandeses dos séculos XV e XVI.

Hoje o Brasil é uma nação do primário, da pré-evolução, do sub-troço, do sub-treco, onde “quase” dá pra ficar mais ou menos… Sinceramente, assim não dá!

Findo por desejar um ótimo, revigorante, divertido, musical e cultural final de semana!

Veja a imagem da página publicada -JPG:

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