Sobre o pedido de Impeachment

Sobre o pedido de Impeachment

Nessa quarta-feira o presidente da Câmara dos Deputados resolveu acatar um dos pedidos de Impeachment protocolados junto ao Congresso Nacional.

Em seu pronunciamento, ele disse não se tratar de motivos políticos e justificou seu aceite com argumentos técnicos, mas vê-se nitidamente que o motivo é pessoal, visto que ele está na corda bamba da Comissão de Ética, que acatará ou não o processo de cassação que poderá destituí-lo da presidência da Câmara e na posterior perda de seu mandato.

Para evitar tudo isso, Eduardo Cunha precisava de 3 votos de parlamentares do PT, que foram instruídos a ir contra o deputado por orientação partidária nacional e isso teria deflagrado a ira de Cunha, culminando no aceite do pedido de Impeachment.

Por que Eduardo Cunha não quer ser cassado?! A resposta é simples: Para não perder sua imunidade parlamentar e seu foro privilegiado. Ou seja, para que ele não se torne um reles mortal (como nós) e possa ser preso pela Polícia Federal, já que foi delatado na Operação Lava Jato e, venha a ser julgado pelo juiz Sergio Moro (o que certamente gostaríamos de ver).

Sobre o pedido de Impeachment aceito:

Ele foi produzido por dois juristas de extremo renome, Miguel Reali Jr. e Hélio Bicudo (que é fundador do PT) e, tem como mérito as pedaladas fiscais (desvios e irresponsabilidades financeiras) que o governo Dilma acometeu neste ano de 2015.

Afinal, para que existir o TCU se ele não será respeitado?! Para que a Lei de Responsabilidade fiscal se ela também não será respeitada?! E o volume dos desfalques, irresponsabilidades e ingerências vão pra casa das duas dezenas de bilhões de reais, montante obsceno que equivale ao PIB de muitos países!

Sobre os pedidos de Impeachment não aceitos:

Ao todo foram 34 solicitações e Eduardo Cunha negou todas como improcedentes e, sua orientação foi para que os pedidos se baseassem em fatos ocorridos neste ano de 2015.

Eu percebo essa indicação como algo para não cassar a chapa de Dilma, o que também afastaria o vice-presidente, Michel Temer, que é do mesmo partido de Cunha.

Com os argumentos do pedido de Impeachment focados somente no ano de 2015, o vice-presidente assumiria no caso do afastamento de Dilma e pode-se supor uma simpatia para este cenário onde um correligionário do próprio PMDB se tornaria o Presidente da República.

Má fé ou boa fé?!

Obviamente que Eduardo Cunha já demonstrou não ser “flor que cheire” de forma que as coisas devem ser vistas com mais profundidade e aqui fica uma pergunta: Se ele aceitou o pedido de Impeachment por conveniência pessoal, ele não teria negado todos os outros também por motivos particulares?!

Desta forma: Caso se possa dizer que esse aceite não tem legitimidade, é possível falar que as recusas também não tiveram! Não é?! A má fé apenas ocorreu no aceite?! E nas negativas, não?! Quando ele feriu os interesses do país; agora ou antes?!

Eu acho que foi nas duas oportunidades, pois o certo é que não se trata de um estadista e como a grande maioria dos demais políticos, seu umbigo vem em primeiro lugar!

O governo Dilma:

Estamos vivendo um momento fúnebre na gestão do país, onde um partido quis se tornar o próprio estado e para isso aparelhou o estado de uma forma sem precedentes, sobretudo, com o menosprezo pelas consequências que seu projeto de poder traria para toda a nação.

Atravessamos a pior crise desde o retorno da democracia, já são 3 trimestres de recordes negativos nos índices econômicos, uma recessão vista a olhos nus e a pior popularidade já medida de um presidente brasileiro!

Colocar um país à míngua já não seria motivo suficiente para impedir um presidente de continuar piorando a situação de mais de 200 milhões de pessoas?!

O ano de 2016:

O fato é que todo o processo de Impeachment é longo e corrosivo para o país e em 2016 também teremos as Olimpíadas e as eleições municipais, o que já retardaria profundamente o desenvolvimento do ano que vem. Ou seja: Passe o réveillon de branco, com roupas íntimas amarelas, pule 7 ondas, coma lentilha, coloque uma nota de dinheiro debaixo do prato da ceia, não coma galinha porque cisca pra trás, reze, faça muita mandinga porque a coisa não vai ser fácil…

Melhor mandingar do que mendigar, não é?! (risos…)

PT ou PMDB?

Eles não são presidente e vice-presidente da república numa orquestração simbiótica que vem desde o governo de Lula?! Nesse caso, não é o mesmo que escolher entre a cruz e a espada?!

Pelo menos o PMDB não pratica doutrinação e patrulha ideológica e também não tem compromissos de manutenção de sistemas políticos internacionais, seja de esquerda ou de direita, além do fato de nunca termos tido notícias que tivesse montado um exército paralelo, como é o caso da turba do Stédile.

Por outro lado, seria ingenuidade não vermos que todos os partidos e agentes políticos querem se perpetuar no poder. Basta levantar a quantidade de reeleições e a permanência das legendas em seus nichos eleitorais, como é o caso do PSDB no estado de São Paulo, dentre muitos outros exemplos. O regime brasileiro tem castas bastante definidas e é praticamente feudal!

A oposição:

Quer desvincular o mérito do pedido de Impeachment da surrada imagem pessoal de Eduardo Cunha, o que de fato são coisas distintas.

A situação:

Quer difundir a ideia de que se trata de uma briga pessoal entre Eduardo Cunha e Dilma Rousseff, o que realmente não é.

O povo:

Não tenha dúvida, nós é que vamos pagar essa conta toda, postar muito nas redes sociais, amassar muitas panelas e sair às ruas (pró ou contra), assim como já voltou a acontecer ontem mesmo.

Eu só espero que os políticos ineptos à vida pública, corruptos, antiéticos, incompetentes se digladiem e caiam publicamente, um por um, num espetáculo midiático, gerando espaços para novas pessoas e fazendo com que o povo entenda mais sobre os processos democráticos e sua responsabilidade nisso tudo.

Atento aos acontecimentos, despeço-me desejando a todos um ótimo, divertido e revigorante final de semana!

.

Link permanente para este artigo: http://www.nandopires.com.br/blog/?p=4139

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.