Brasil: Eleição de Secessão!

Amanhã acontecem as eleições mais tensas que já presenciei no Brasil e a divisão política é avassaladora, criando o cisalhamento entre parentes, amigos, conhecidos e até entre desconhecidos.

Tenho por hábito conversar com as pessoas e perguntar as suas opiniões. Faço isso sempre que posso! Seja numa fila do caixa de mercado, no balcão de uma farmácia, em uma cafeteria, na rua ou em qualquer lugar que permita.

Também não escolho muito com quem converso e simplesmente vou falando com as pessoas porque gosto de enriquecer meu acervo de ideias, opiniões e visões sobre o mundo a partir das impressões mais diversas.

Isso me permite olhar para as coisas de forma que o exercício da reflexão, ou a literatura acadêmica às vezes não consideram ou mesmo não percebem.

As análises sobre a economia mundial sempre se esquecem do preço do leite, pão, café, do arroz e do feijão, bem como das passagens de ônibus e do preço do motoboy. Essas avaliações globais nunca consideram o transtorno que as pessoas têm ao se locomover de moto (ou a pé) em dias frios e chuvosos…

Para a macroeconomia muitos produtos são vistos como simples commodities e têm valores meramente financeiros, como se não fossem itens essenciais à vida de ninguém, o que é erro enorme.

Portanto, muitas vezes os comentaristas, ao falarem do ajuste fiscal brasileiro, objetivam buscar apenas o equilíbrio matemático em uma planilha de computador, mas não observam que por detrás de uma ou de outra medida, há o impacto nas vidas de milhares e milhares de pessoas.

Para mim, isso também inclui a boa convivência e a paciência necessária que os “seres civilizados” precisam ter para conseguir conviver com os que pensam de forma diferente, sem que haja violência de qualquer natureza.

Nesse caldeirão político chegamos a tal ponto, que as pessoas, ao expor alguma ideia ou argumento e ao perguntarem para seu interlocutor – “Você entendeu?” – na verdade estão perguntando se há “concordância” e não se houve o entendimento sobre o assunto. Vejam: Entender um assunto é uma coisa, acreditar num ponto de vista é outra coisa e concordar é diferente das duas anteriores! (risos) Quem nunca passou uma situação dessas?!

Numa dessas minhas conversas, estive no balcão do estabelecimento comercial de um amigo e ele comentou algo do tipo: “Política e futebol são muito parecidos. As pessoas focam apenas em seus times (ou posições políticas) e levam suas paixões às últimas consequências.” E eu respondi de supetão, pegando a mim mesmo de surpresa: “Só que um time de futebol envolve somente um gosto individual, mas uma opção política interfere na vida de todos.” Por isso gosto muito de conversar por aí.

O fato é que no mundo analógico ou virtual, estamos divididos e sou vítima desse momento de extremos como todos são! Nesse sentido concordo com o rapper “Mano Brown”, líder do grupo “Racionais MCs”, que reclamou por ter perdido amigos antigos e a proximidade com familiares por causa desse embate político.

Estamos entrando nessas eleições bastante divididos e espero sinceramente que os ânimos se acalmem depois dela, assim como espero que o Brasil permaneça como uma única nação e que o povo brasileiro permaneça sob uma única bandeira. Mas para isso, vamos ter que aprender a entender e concordar ou discordar, sem que haja violência (verbal, física, financeira, ideológica, judicial…).

Sei que para que esse amadurecimento aconteça vai ser preciso tempo e esforço, o que espero que as pessoas do povo dediquem e, desejo do fundo do meu coração que a imprensa e a classe política não interfiram de forma a prejudicar esse processo de perdão e reaproximação das pessoas.

Que todos tenham um ótimo, patriótico e revigorante final de semana!

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