As ações cariocas, o tráfico de drogas e possíveis conseqüências.

Policiais asteiam bandeira após tomada do morro

Caros leitores, diante da recente intervenção conjunta entre as polícias militar e civil e as forças armadas através da marinha, não vejo como deixar de abordar assunto de tal seriedade, procurando ressaltar alguns aspectos me saltaram à cabeça e que podem não estar sendo observados.

Desta forma, peço a licença de tratar de questão diversa da arte e da cultura, os temas usuais de meus artigos.

A questão das drogas e suas subjacências são íntimas dos brasileiros há décadas e me pergunto porque tamanha demora para a adoção de providências incisivas?

Seria porque o Brasil precisa mostrar ações efetivas ao resto do mundo em função da Copa e Olimpíadas que hospedaremos?

Creio que sim e apesar de me sentir orgulhoso diante do êxito das intervenções policiais e militares, fico chateado em pensar que tudo tenha ocorrido prioritariamente como uma forma de demonstração internacional e não para promover melhorias ao nosso próprio povo.

Também imagino que a desmobilização de uma região de altíssimo consumo de drogas (em número de dependentes, volume de drogas comercializado e valor financeiro), certamente acarretará em reflexos para o restante do país, possivelmente da seguinte forma.

Apreensão de enorme volume de drogas.

Pode-se supor que no Rio de Janeiro haverá um impacto imediato no sistema de saúde em detrimento da abstinência dos milhares de usuários de drogas que ficarão desprovidos do seu consumo usual. Esse já é um primeiro ponto.

A segunda implicação que antevejo, é que sendo principalmente rurais, internacionais e longe das ações cariocas, a produção de cocaína e de crack deva exceder ao seu consumo o que poderá aumentar sua oferta, culminando numa baixa considerável em seus valores e no aumento do acesso que outras localidades brasileiras e até países vizinhos possam ter ao que era antes destinado ao Rio.

Isso poderá fortalecer o tráfico e o consumo de drogas em cidades pequenas e em regiões onde ele já exista, mas não tão forte, promovendo inclusive com que haja o fortalecimento de outras facções criminosas que não foram afetadas por estas ações localizadas.

Como podem ver, trata-se de um assunto “sistêmico” e não “tópico”, onde só haverá a possibilidade de resultados positivos e livres de maiores seqüelas se as ações acontecerem no âmbito de uma mobilização nacional e também abrangerem planejamento e providências de contenção internacional da entrada de drogas, armas e financiamento do tráfico.

Ainda saliento, que historicamente medidas com vistas à melhorias já acabaram por produzir resultados díspares às suas intenções originais, provocando sérios efeitos colaterais. Refiro-me à 18ª emenda à constituição dos EUA, a “Lei Seca”, implantada em 16/01/1912 e revogada em 05/12/1933 após severo insucesso. A única emenda constitucional revogada na história daquele país.

Traficante algemado.

Faço votos para que estas ações ganhem a amplitude necessária para fincar resultados profundos, abrangentes e duradouros.

Que todos tenhamos um ótimo final de semana!

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